Rússia vai gastar R$ 3,6 bilhões para bloquear VPNs em seu território
O plano de modernização da infraestrutura de censura digital da Rússia visa justamente dificultar o uso de VPNs
A agência reguladora de comunicações da Rússia, Roskomnadzor, planeja investir 59 bilhões de rublos (cerca de R$ 3,6 bilhões) nos próximos cinco anos para aprimorar sua capacidade de filtrar o tráfego da internet e bloquear o uso de redes virtuais privadas (VPNs), conforme reportado pela Bloomberg.
Esse montante será direcionado à aquisição de novos equipamentos e à atualização do hardware utilizado para monitorar e restringir o acesso a determinados recursos online, de acordo com documentos oficiais. As atualizações têm como objetivo fortalecer o controle sobre as redes no país, especialmente devido ao aumento do uso de VPNs pelos cidadãos russos.
Desde 2019, a Rússia implementou uma legislação que permite ao país se desconectar completamente da internet global, em uma iniciativa que o governo descreve como parte de sua campanha para manter a "soberania digital". Entretanto, após a invasão da Ucrânia em 2022, o Kremlin intensificou os esforços para bloquear o acesso a plataformas e serviços estrangeiros. Grandes redes sociais e empresas de internet, como Facebook, Twitter e Instagram, foram obrigadas a encerrar suas operações no território russo. Ainda assim, muitos russos continuam acessando esses serviços por meio de VPNs, que ocultam a localização do usuário e permitem a navegação em sites bloqueados.
O plano de modernização da infraestrutura de censura digital da Rússia visa justamente dificultar o uso de VPNs. De acordo com os documentos, a nova tecnologia permitirá às autoridades restringir de forma mais eficaz o uso dessas ferramentas, bloqueando o tráfego e os recursos que facilitam a evasão dos controles governamentais.
Desde 2020, a Roskomnadzor tem adquirido equipamentos anualmente para lidar com o crescimento do tráfego de internet na Rússia. A agência afirmou à Forbes que essa aquisição contínua é essencial para manter o controle sobre a rede à medida que o volume de dados aumenta.
A censura digital russa está se tornando uma das mais rigorosas do mundo, com o governo monitorando e filtrando o tráfego de internet dentro do país, além de punir usuários e empresas que tentam contornar as regras. Especialistas apontam que a repressão ao uso de VPNs é uma tentativa de bloquear as ferramentas que têm permitido a muitos cidadãos russos acessar informações e serviços fora do alcance da censura estatal.
Além disso, o investimento na filtragem de tráfego pode aumentar o isolamento digital da Rússia em relação ao restante do mundo, limitando ainda mais o acesso da população a conteúdos estrangeiros e fortalecendo a narrativa controlada pelo governo sobre questões políticas e sociais.
Enquanto a Rússia intensifica seu controle sobre a internet, outros países, como os Estados Unidos, discutem maneiras de auxiliar os cidadãos russos a contornar essas restrições. Recentemente, o governo Biden realizou uma reunião com representantes de grandes empresas de tecnologia, incluindo Amazon, Google (da Alphabet) e Microsoft, para discutir o desenvolvimento de ferramentas de evasão de censura na internet financiadas pelo governo norte-americano.
Essas iniciativas visam proporcionar aos usuários em países com regimes autoritários, como a Rússia, o acesso a informações sem censura. A medida destaca a crescente disputa entre governos que buscam controlar o fluxo de informações e empresas e organizações que trabalham para garantir o acesso livre e irrestrito à internet.